O termo cientifico correto é cirurgia de
transgenitalização, porque ninguém entra em um hospital com um sexo e sai com
outro.
Fora a operação genital, existem várias outras de adequação
para mudar a fisionomia do rosto, tornando-o mais feminino ou masculino;
modificar o contorno do tórax, retirando as mamas ou implantando próteses de
silicone; eliminar o pomo de adão nos homens.
Estima-se que sejam realizadas aproximadamente 50
transgenitalizações feminilizantes por ano no Brasil pelo SUS (Sistema Único de
Saúde). As masculinizantes são raras.
Nos dois casos, antes de conseguir
autorização, é preciso ter mais de 21 anos e passar por um acompanhamento
médico e psicológico por dois anos.
O cirurgião faz um corte no saco escrotal e no pênis,
tomando cuidado para não prejudicar o sistema urinário, que é encurtado.
O tecido cavernoso e os testículos, responsáveis pela
produção dos hormônios masculinos, são removidos. O clitóris é construído com
base na glande, o prepúcio gera os pequenos lábios, o escroto se transforma nos
grandes lábios.
A neovagina é feita com a inversão da pele da haste
peniana. Usa-se um alargador para modelar o canal.
A ingestão prévia de testosterona diariamente provoca o
crescimento do clitóris, que atinge 6 centímetros, em média. Vai depender de
cada organismo.
O neopenis é despregado do púbis e o canal da uretra é prolongado
com tecido da própria vagina. A partir daí, o paciente consegue urinar em pé. O
funcionamento é normal, com ereção e sensibilidade preservadas – mas o tamanho,
bem pequeno, dificulta a penetração.
Os grandes lábios viram testículos e envolvem próteses
redondas de silicone. Dá para construir o pênis com enxertos do corpo e uma
prótese.
No livro o Cérebro em Transformação (Editora Objetiva),
Suzana Herculano-Houzel, bióloga e neurocientista do Instituto de Ciências
Biomédicas da UFRJ, diz que estudos demonstram semelhanças entre o cérebro de
pessoas com a mesma preferência sexual. O hipotálamo delas responderia de
maneira idêntica aos feromônios.
Até onde a ciência sabe, a preferência é determinada no
começo da gestação por fatores biológicos, e não apenas genéticos.
Mulheres e
homens gays, por exemplo, teriam certas estruturas cerebrais, ligadas à
sexualidade, iguais.
Portanto, o processo aconteceria ainda no útero e, durante
a adolescência, o amadurecimento do cérebro levaria ao reconhecimento da
sexualidade.
Para a psicologia, não há consenso.
O que se afirma atualmente é que não se trata de uma opção,
e sim de uma orientação sexual, assim como a bissexualidade e a
heterossexualidade, explica a psicoterapeuta Sâmara Jorge, de São Paulo. O Conselho
Federal de Psicologia estabeleceu, em 1999, que não se trata de distúrbio nem
de perversão.
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